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Laser de show pode queimar a câmera do celular?

Neste sábado, 3 de setembro, durante o Rock in Rio 2022, o tuíte de um usuário viralizou nas redes sociais ao dizer que um dos feixes de laser do show do Alok teria queimado a câmera do seu celular. Então, logo surgiu a dúvida: os lasers usados em shows e outros eventos podem causar danos ao sensor do dispositivo? A resposta é sim e o Canaltech explica como isso acontece e como evitar esse problema.


Independente do modelo ou fabricante, os sensores das câmeras de celulares se tornam frágeis ao serem expostos a raios laser (Imagem: Unsplash/TheRegisti)

Como o laser de shows danifica o sensor do celular?


Infelizmente, os raios laser usados em shows podem queimar os sensores de câmeras de celulares e até de câmeras fotográficas profissionais. Embora não seja algo comum, muitos usuários podem passar por essa experiência desagradável devido a danos diretos ou indiretos.


Em agosto de 2021, a Sony publicou um alerta orientando as pessoas a não exporem a lente das câmeras Sony diretamente a lasers. Em ambientes abertos ou fechados, a exposição direta ou indireta aos raios pode danificar gravemente os sensores CMOS das câmeras — sendo esse justamente o tipo de sensor de câmera mais comum atualmente.


Isso é explicado pela física, pois os raios lasers são feixes de luz concentrados capazes de gerar calor. A exposição prolongada em superfícies mais sensíveis, como um sensor fotográfico de celulares, pode causar certos danos devido ao calor e radiação.


Por exemplo, a câmera de um celular pode ser danificada ao receber um feixe de luz direto a cerca de cinco metros da fonte. No entanto, é possível dividir os danos aos sensores de imagem em duas “categorias”:


Em alguns casos, o laser pode queimar isolamente os pixels do sensor responsável por capturar fotos e videos (Imagem: Reprodução/Y.M. Cinema Magazine)

Danos menores


A exposição ao laser pode queimar individualmente os pixels dos sensores fotográficos e, por consequência, eles não funcionarão ao captar as imagens. Os "pixels mortos" podem ser quase imperceptíveis, sendo um dano mais visível em registros com cores uniformes (exemplo: um céu totalmente azul).


Nesses casos, os usuários notarão que as fotos e os vídeos podem ter pequenos pontos em branco. Isso quer dizer que o sensor fotográfico possui alguns pixels mortos que impedem a captura das imagens perfeitamente.



Danos extremos


Em casos mais extremos, como o vídeo acima, as áreas com pixels mortos podem ser maiores e formar linhas inteiras na vertical e na horizontal. Bem como, a exposição ao laser pode causar um efeito “burn-in” e inutilizar o sensor fotográfico.


Fotógrafos comentam que a lente de uma câmera profissional pode queimar em questão de segundos após ser exposta ao laser. O mesmo pode acontecer também com os CMOS de smartphones e outros dispositivos.


É importante ficar atento ao ambiente ao redor para não deixar o laser ter contato direto com o sensor fotográfico do celular (Imagem: Jason Leung/Unsplash)

Como evitar que os lasers danifiquem o sensor do celular?


A maneira mais eficiente de proteger a câmera do celular contra lasers em shows é evitar o contato direto do feixe de luz. Conforme profissionais de fotografia, a luz concentrada não pode atravessar a lente do dispositivo e atingir o sensor.


Se o usuário consegue ver o projetor do laser através da tela do celular ou do visor da câmera, já há um risco muito alto de danos ao sensor fotográfico. A recomendação é evitar ficar de frente e/ou apontar o aparelho para fonte de luz.


Fabricantes, como a Sony, também destacam que esse cuidado deve acontecer mesmo quando o dispositivo não estiver em uso. Por isso é importante estar atento ao ambiente ao redor e, no caso de câmeras profissionais, usar a tampa para que não exponha a lente.


Essa atenção deve ser redobrada em shows, visto que os lasers costumam fazer parte da iluminação do palco — em especial em show de música eletrônica ou pop. Com bastante cautela, se o usuário não apontar a câmera diretamente para a fonte de luz, é possível registrar as projeções feitas pelo laser sem nenhum risco.


A política de garantia em relação à queima do sensor fotografico pode variar conforme a marca do produto (Imagem: Divulgação/Apple)

Se o sensor queimar, a garantia cobre ou é mau uso?


Além dos 90 dias contra defeitos de fábrica exigidos pelo Código de Defesa do Consumidor, a cobertura da garantia pode variar conforme a marca do dispositivo. Muitas fabricantes costumam oferecer garantias contratuais de até 12 meses como uma gentileza, mas usando termos e condições especiais para reparos.

Em alguns casos, a queima do sensor fotográfico devido à exposição ao laser de shows poderá ser avaliada como um problema decorrente de mau uso. A assistência técnica pode alegar que a utilização do dispositivo infringiu as recomendações da fabricante.


Dependendo dos termos de cobertura, a garantia contratual pode oferecer um desconto promocional no reparo da câmera e a marca poderá ou não fornecer um modelo substituto temporário. Entretanto, mais uma vez, todas essas condições podem variar de marca para marca.


De toda forma, a recomendação é seguir as dicas e ficar atento aos lasers em shows. Afinal, todos têm o direito de gravar ao menos uns minutinhos da apresentação de seus artistas favoritos.


(Texto publicado originalmente no site Canaltech em 5 de setembro de 2022)

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