The Good Place mostrou que poderia ensinar importantes conceitos filosóficos utilizando situações cômicas como “aulas”. O quarto e último ano da série estreou recentemente na Netflix e promete apresentar muitos outros ensinamentos aos fãs.
Antes da despedida, vale relembrar três questões filosóficas apresentadas nas temporadas anteriores do programa. Será que você conseguiu captar o que a série queria passar?
Aviso: este texto possui importantes spoilers da trama!
Imperativo categórico
Se Chidi (William Jackson Harper) tem um herói, ele é Immanuel Kant. Sempre que está no meio de um dilema, ele usa o conhecimento do filósofo para encontrar uma solução. Isso é visto na primeira temporada, quando o personagem fica dividido entre ajudar ou não Eleanor (Kristen Bell) a se tornar uma pessoa melhor e ficar no “Lugar Bom”.
Com isso, The Good Place apresenta o conceito imperativo categórico. Segundo Kant, comportamentos imorais como mentir ou roubar jamais são justificáveis. Mesmo que a pessoa esteja roubando um alimento para sustentar sua família, por exemplo.
O grande desafio de Chidi é encontrar um meio de não ferir o código moral do seu ídolo. Então, ele precisa escolher entre mentir para ajudar Eleanor ou negar o socorro a ela, mesmo que isso pareça a “coisa certa” dentro dos conceitos filosóficos.
Recompensa moral
Na 2ª temporada de The Good Place, os personagens ganham uma nova chance de voltar à Terra para conquistar pontos suficientes e retornar ao Lugar Bom. Eleanor passa a ter um bom comportamento durante os 6 meses do experimento, mas se sente infeliz.
A protagonista revela ao “arquiteto” Michael (Ted Danson) que esperava que sua mudança moral trouxesse coisas positivas. Por ser uma pessoa boa, ela acredita que merecia algo bom em troca. Assim, a série traz uma reflexão sobre o conceito de recompensa moral.
“Se todo esforço não é recompensado, por que devemos nos esforçar?” A resposta da série é que as pessoas não devem realizar suas ações apenas visando a recompensas, sejam morais ou materiais. Isto é, a vida nem sempre será justa como esperamos.
Utilitarismo
Apresentado na 3ª temporada, Doug Forcett (Michael McKean) é um exemplo de utilitarismo. Após ingerir cogumelos alucinógenos, ele descobre o conceito de pontos do “pós-vida”. Assim, ele decide viver apenas realizando ações pelo bem maior. Por exemplo, ele testa cosméticos perigosos nele mesmo com a intenção de poupar a vida dos animais.
Na série, a assistente Janet (D’Arcy Beth Carden) o chama de bomba de felicidade. Afinal, seu objetivo é levar bem-estar para o maior número de habitantes na Terra, mesmo que isso anule seu próprio conforto. Contudo, o que Doug considera ser algo altruísta, na verdade, pode ser uma péssima ideia.
Joshua David Greene, professor de Psicologia de Harvard e autor do livro Tribos Morais, diz que as pessoas reconhecem o esforço de alguém pelo bem maior quando esta permanece feliz e confortável. Por outro lado, uma dedicação exagerada pode atrapalhar uma importante causa e ser vista como um exemplo desagradável.
Quais serão os conceitos filosóficos do último ano de The Good Place? Os episódios da 4ª temporada são disponibilizados semanalmente, sempre às sextas-feiras na Netflix.
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